quarta-feira, 29 de junho de 2011

5-maio-2011-18 horas


Fiz esse blog para mostrar que a gratidão move montanhas e mares. Meu filho havia prometido, quando criança, que me levaria a Portugal (terra de meu avô materno) quando se formasse. Promessa cumprida e aqui está a nossa viagem.

Embarque no voo para Lisboa, com conexão em Madri pela Ibéria .
Eu já havia feito voos pelo Brasil, mas nunca para outro país. Meu nervosismo era grande mas no momento que apertei o cinto e respirei fundo, pronto! Estava mais tranquila e o vôo foi muito bom, sem turbulências (só mesmo o banco desconfortável e o pouco espaço para mover as pernas). Pude observar, também, que as aeromoças da Ibéria são todas mais velhas que o habitual, inclusive os comissários.
Na saída da aeronave pude perceber o quanto nós, brasileiros, somos mal educados. Pelos corredores do avião observei o "lixo" deixado pelos passageiros (a maioria brasileiros): sacos plásticos jogados no chão, juntamente com os cobertores (custa dobrar?) e outras coisas mais. Vexame!
Obs.: perdi as fotos do primeiro dia de viagem! houve um problema com o cartão de memória e tive de comprar outro. Uma pena.

6-maio-2011-11:20 hs


Madri – conexão para Lisboa. Voo curto, chegamos a Lisboa por volta das 12 horas. Tomamos um taxi para o Hotel Lar do Areeiro, recomendado pelo funcionário da agência de turismo de São José dos Campos, pois já havia estado por lá. Lamentável recomendação. O hotel está precisando de reparos, pois o reboco caindo das paredes estava péssimo, com bolor e o quarto era muito pequeno e apertado. O café da manhã era servido ao lado do hotel, num café, ou seja, você precisa se deslocar do hotel para fora. A única vantagem que vi foi estar próxima de uma estação do metrô. E o preço, pelo estado do hotel, não foi barato: R$135,00.
Depois de nos alojarmos no hotel, saímos para almoçar nas proximidades e logo após pegamos o metrô para conhecer um pouco de Lisboa e para comprarmos os bilhetes de trem para irmos ao Porto no dia seguinte. Fomos até Baixa/Chiado para pegar o Electrico 28, o clássico bondinho que parte da pça. Martim Moniz e vai sacolejando pelas ladeiras da Alfama, atravessa a Baixa, o Chiado, Santos e chega em Campo de Ourique, pertinho da casa de Fernando Pessoa. Na rua Garret, 120 está uma cafeteria "A Brasileira", onde está o poeta em puro bronze, fazendo pose em frente ao café. Eu, claro, sentei-me a seu lado para uma foto.
Andamos por tudo, encantados com o que íamos descobrindo pelo caminho: Rua Augusta (tão diferente da rua de São Paulo), um armarinho (local onde se vende linhas, lãs e outros) chamado "Retrosaria Bijou" em estilo art-decô, o local onde nasceu o poeta Mario de Sá Carneiro, as belas igrejas e seus estilos.





Voltamos ao hotel cansados de tanto andar pelas ladeiras acima e abaixo, pois para se conhecer uma cidade nada como ir caminhando. Andando descobrimos pormenores que passariam despercebidos se estivéssemos de carro ou ônibus. Fotografei tudo o que achei interessante, nada me passou despercebido.

7-maio-2011-8:09 hrs (isso mesmo, nove minutos – o português é pontual e nove minutos são nove minutos – nem mais nem menos)


Embarcamos no terminal Gare do Oriente para Porto/Campanha no comboio Alfa Pendular. Excelente meio de transporte, uma pena que no Brasil dispomos de pouquíssimos trens. Essa viagem foi ótima, percorremos a uma velocidade média de 180km/h e pude conhecer um pouco da região de Lisboa ao Porto.
Chegamos por volta de meio dia e já procuramos o metrô para irmos até o aeroporto, onde pegaríamos o carro alugado.
O carro era confortável (Skoda), com GPS então foi muito fácil descobrir Portugal. Do aeroporto fomos ao procurar o Hotel Fénix Porto. Excelente!
Como nessa época escurece muito tarde (por volta das 21 horas) resolvemos amoçar e, em seguida, conhecer a tão querida terra de meu avô: Carrazeda de Ansiães, pois afinal o motivo da viagem a Portugal era justamente isso.
A viagem foi tranquila e aqui merece um destaque todo especial: as estradas.
Comparando com a minha pátria, quanta diferença! Asfalto e sinalização impecáveis - não vi um buraco, um remendo, uma placa escondida e muito menos senti falta de uma indicação precisa. Tudo muito bem sinalizado, mesmo as rodovias secundárias. Uma beleza!
Tá certo que o Brasil é um país muito grande, mas pra isso tem pedágio. Acredito que se tivesse uma malha ferroviária por todo o país, as rodovias estariam em melhores estado, uma vez que os caminhões acabam com o asfalto. Por sinal, não vi caminhões circulando pelas rodovias de Portugal, com certeza as mercadorias são transportadas pelos trens. Uma beleza!....
O trajeto para Carrazeda foi uma maravilha, pude observar a paisagem rural, com suas plantações de oliveiras e vinhedos, praticamente a paisagem toda era assim. Observei, também, que a região toda tem muitas pedras e, por essa razão, as casas, na maioria, são construídas com elas.
Passamos por Vila Real, Murça, Pegarinhos e outras aldeias mais.
Imaginava que Carrazeda era apenas uma pequena aldeia, mas a cidade é bem grandinha, tinha, até, o supermercado Dia, ora pois! E registrei tudinho.
Nesse supermercado tomamos um café e pedimos algumas informações sobre minha família, mas sem sucesso. A cidade, por ser final de semana, estava bem vazia. Visitamos a única igreja local (onde, com certeza, meu avô foi batizado) e procurei pelo padre para ver se conseguia informações, mas a sacristia estava fechada.
Bem ao lado da igreja, há uma casa com um portão de ferro baixo, com as inscrições "F" e "M". Pensei com meus botões: será Família Moraes? Não quis incomodar ninguém, e vim embora sem saber.


próximo a Carrazeda de Ansiães



Foi emocionante andar pela terra de meu avô, uma experiência ímpar e jamais será esquecida. Saímos de lá já com o Sol baixando. A volta foi tranquila e chegamos no hotel já noite. Fomos tomar um lanche em um shopping (em Portugal notei que os Shopping Centers são pequenos, comparando com os nossos) ao lado do hotel e fomos dormir bastante cansados e FELIZES!

8-maio-2011 Porto (Dia das Mães)


Acordamos cedo para descobrir essa linda cidade. Do hotel, descemos até às margens do Rio Douro e seguimos caminhando até a antiga alfândega, hoje um espaço cultural.
Nesse local tomamos um ônibus igual ao de Londres, vermelho, e ficamos na parte de cima para podermos observar todo o trajeto pela parte antiga do Porto e atravessarmos, depois, a Vila de Gaia (13 euros cada).
Esse percurso foi excelente, pois o Porto tem muitas ladeiras e não teria condições de andar por tudo.
Nesse ônibus recebemos um fone de ouvidos (também vermelho) e durante o percurso íamos ouvindo fado. Jamais esquecerei a emoção em ouvir fado e apreciar a paisagem do local. Emocionante! No carro colocávamos, também, uma estação chamada "Rádio Amália", e meu filho imitava igualzinho o radialista dizendo "Amália"... com o sotaque português.
 Pudemos observar as magníficas construções seculares, as maravilhosas igrejas, praças e ruas estreitas.
Uma coisa curiosa que notei em algumas cidades de Portugal: as portas das casas dão diretamente na rua, ou seja, não tem calçada. O pedestre tem que esgueirar-se pelos cantos para os carros passarem. Muito interessante.
Depois do tour pela cidade do Porto, nos dirigimos a Gaia, onde iríamos almoçar e comprar o famoso vinho do Porto.
Foi um almoço especial com filho, no dia das mães! O bacalhau estava supimpa e regado ao vinho da casa que também estava ótimo. (30 E)
Compramos o vinho, veja a coincidência, em uma casa com o nome da minha família: Vasconcellos, mas não eram parentes. Como fui informada, há muitos Vasconcellos em Portugal. Pagamos 3 E para degustar os vinhos, mas valeu a pena, pois sai de lá conhecedora dos vinhos da região e um tantinho alta!...
Depois de conhecer a região, voltamos ao hotel para descansar . Pedimos lanche no quarto e minha escolha não poderia ter sido pior: uma tal de "francesinha" - era um pão de forma com recheio de carnes (bife, linquiça e outros identificáveis...) no molho de tomate com queijo.... um horror! Fiquei enjoada...






O hotel cobra 9 E de estacionamento por dia. Caro, não? A internet não pagamos pois estavamos num andar baixo e conseguimos conectar facilmente, senão teríamos de usar o computador no saguão do hotel ou no restaurante.

9-maio-2011 - Coimbra


Antes de irmos a Coimbra, queria voltar ao centro antigo do Porto, pois precisava  ver o local onde meu avô tirou essa fotografia que começa o blog, em 12-12-1887 na Rua do Almada, 22. As ruas, como disse antes, são estreitas e não têm calçadas, mas meu filho deu uma paradinha rápida em frente ao local e eu tirei a foto que tanto queria. Estive, pois, em dois locais que meu avô pisou: em sua cidade natal e onde ele tirou a foto. Fiquei encantada e emocionada com o feito.
Depois disso tomamos o rumo para Coimbra. Viagem gostosa, rápida (é tudo muito perto em Portugal) e chegamos por volta do horário do almoço. nos instalamos no Hotel Vila Gale Coimbra. Uma delícia de hotel! Na recepção e no restaurante havia uma exposição de roupas de bailarinas e sapatos e sapatilhas de dança. Tudo uma beleza.
Deixamos as malas no hotel e fomos bater pernas! Nada de ir de carro, fomos andando mesmo. Paramos para almoçar (prato do dia 12 E) e depois fomos conhecer a Universidade. Andamos pra caramba, tanto que fiz bolha nos pés e precisei parar para comprar um curativo. Mas valeu a pena! Tudo vale a pena...
Seguimos pela rua que circunda a fachada lateral da Sé Velha e chegamos a Universidade. A Porta Férrea que dá acesso a famosa Faculdade de Direito e o pátio é algo indescritível! Fiquei maravilhada com a arquitetura, com o tamanho dos prédios e com o cheiro do "saber".... tudo isso fica retido em quem passa por lá. Uma pena que não pudemos conhecer a Biblioteca Joanina, do século 18, pois havia uma acontecimento por lá (tinha TV no local) e não pudemos entrar. Soube, lendo alguma coisa na internet, que essa biblioteca é revestida em ouro e madeira de jacarandá (com certeza tudo vindo do Brasil) e guarda mais de 250 mil obras. Conhecemos a Faculdade de Medicina e a fachada de outras. Foi interessante passar pelas ruas e ver o nome das repúblicas de estudantes. Meu filho morou em uma e não quis tocar a campainha para conhecermos por dentro ao menos uma. Tudo bem, república deve ser tudo igual mesmo, roupas espalhadas, pia cheia de louça pra lavar, etc e tal.






Voltamos cansados, jantamos no hotel (38,50 euros p/dois) e fomos dormir cedo. Preço do estacionamento no hotel 7,50euros. Combustível - 59,31 euros.

10-maio-2011 Coimbra/Fátima/Batalha/Tomar/Alcobaça


Acordamos cedo mais uma vez (meu cardiologista disse que descansar em euros não pode) e fomos conhecer os arredores, antes de sairmos do hotel. O recepcionista do hotel, gentilmente nos cedeu um pequeno mapa onde pudemos nos localizar e conhecer um pouco da cidade (pedágio de 7E).
Fomos ao Convento de Santa Clara (a velha ) e ficamos impressionados com a descoberta arqueológica que fizeram com escavações no local, depois que o convento foi invadido pelas águas do Rio Mondego em 1677. Ao lado há o Parque Verde do Mondego. Local agradável para fazer caminhada e respirar ar puro. Há espaço para shows. Infelizmente não deu tempo para conhecer o Penedo da Saudade, um mirante onde D. Pedro ia chorar a morte de sua amada Inês. Fica pra próxima.
Voltamos ao hotel, fechamos a conta e pegamos estrada para conhecer as outras cidades próximas.
A primeira foi Fátima. Muito bonito e emocionante ver a fé do povo, indo ao local para pagar promessa e ir de uma igreja (Santíssima Trindade) a outra (Basílica) de joelhos. A fé move pessoas.
Peguei uma missa na capela da aparição já no final e depois fomos conhecer as igrejas, os túmulos dos pastores e a cidade. No almoço, pela primeira vez, comi sardinha assda com batatas... estava uma delícia e acho que foi a melhor refeição que fiz em Portugal. Compramos umas lembrancinhas e fomos a próxima cidade.
Em Batalha conhecemos o imponente Mosteiro de Santa Maria de Vitória, construído em 1386 até 1517, ou seja, demorou dois séculos para ser construído. Não é pra menos, ele é gigantesco e foi eleito uma das sete maravilhas de Portugal. Nesse local há as capelas imperfeitas onde foram depositadas as peças com defeito (eu não vi nenhum) e essa capela (maravilhosa) também faz parte das sete maravilhas de Portugal. (6 E o ingresso)
Em seguida fomos a Alcobaça para ver o Mosteiro de Santa Maria. Construído entre 1178 e 1254 por D.Afonso Henriques. Abriga a maior igreja do país e faz parte das sete maravilhas. Na nave central estão os túmulos de Pedro e Inês de Castro.
Por último fomos a Tomar para ver o Convento de Cristo. Chegamos lá as 17,10 hs e havia acabado de fechar. Ficamos bastante decepcionados pois meu filho queria conhecer o convento pois ele foi construido em 1160 pelos cavaleiros da Ordem dos Templários a qual pertenceu Pedro Álvares Cabral. Só pudemos ver por fora e conhecer um pouco a cidade, onde, nas ruas tem as bandeiras dos templários.
Já estava terminando o dia e rumamos para Lisboa.
Nos instalamos no Hotel Olissippo Marquês de Sá. De cara não gostei do hotel, começando pelos recepcionistas, todos tensos, sizudos e nada gentís.





Saímos para jantar (bacalhau para variar - 34 euros) e voltamos ao hotel para dormir, tentar dormir, pois a rua do Hotel era bastante barulhenta.

11-maio-2011 Lisboa/Óbidos/Sintra/Cascais/Estoril/Lisboa


Como podem ver, a maratona ainda não acabou. Depois de um café da manhã apenas razoável (o pior que tivemos foi em Lisboa) partimos para Óbidos.
Que graça de cidade! Amei de paixão. Essa cidadezinha medieval é cercada por uma muralha, suas casinhas brancas e ruas estreitas, apertadinhas, com suas lojinhas lindas cheias do artesanato local. Exatamente igual ao que eu imaginava quando ficava sonhando com essa viagem. Carros não entram, você deixa no estacionamento fora (igual a Paraty no estado do Rio de Janeiro). Então pernas pra que te quero e vamos conhecer tudo.
Sintra parece ser um presépio gigante! Cidade pequena, com ruas estreitas e cercada de uma vegetação deslumbrante. Era o local escolhido pelos reis para passar o verão. Conheci apenas um castelo, o principal - O Palácio Nacional de Pena. Pagamos 2E pelo ônibus para nos levar até o alto (500 m) onde fica o palácio + 12E para entrar.
O palácio é uma mistureba de estilos, mas é interessante. D. Fernando II construiu em meados do século II, transformando um antigo mosteiro. A vista do palácio é muito bonita, podendo avistar Sintra e outros castelos: Castelo dos Mouros e o Palácio Nacional da Vila de Sintra.
Almoçamos em Sintra (15,85E) e pegamos estrada para conhecer o Cabo da Roca. É um lugar de tirar o fôlego! É o extremo da Europa, o seu ponto mais ocidental. Como definiu o poeta Luís de Camões: "Onde a terra se acaba e o mar começa". Do alto do penhasco (140m) a magia do oceano deixa a gente aturdido. Um programa imperdível. Alí tomamos um lanche e pegamos a estrada para Cascais (pedágio 5,65 E). Entramos na cidade e demos apenas uma parada para ver o mar e apreciar a paisagem. Depois, em seguida, vem Estoril, onde demos uma paradinha para ver o cassino e comprar água (1,40E) e outros.
Todo o trajeto de Sintra até Lisboa, fizemos pela costa e a paisagem encanta, como posso mostrar nas inúmeras fotos que tirei.












Chegando em Lisboa, ainda dia claro, tivemos fôlego para conhecer a Torre de Belém e o Monumento do Descobrimento, eu estava me arrastando, mas valeu a pena. Sempre lembrando o poeta: Tudo vale a pena...
Voltamos ao hotel para um banho e logo mais saímos em busca de um shopping para tomar um lanche. O mais perto era um pseudo shopping. Poucas lojas e uma praça de alimentação com poucas opções. Meu filho comeu uma pizza e eu um sanduiche. Conversando durante o jantar, concordamos em visitar no dia seguinte (e último) Évora. Teríamos de acordar bem cedo, pois ainda precisaríamos conhecer algumas coisas em Lisboa antes de embarcarmos de volta para o Brasil.